domingo, 18 de novembro de 2012
Um abraço no amigo Pantanal
De avião monomotor até o Porto São Pedro, de barco até a
divisa com Mato Grosso, como parte de uma expedição do Instituto Homem
Pantaneiro e do curso Estratégias para a Conservação da Natureza. É como dar um
grande abraço no amigo Pantanal, essa obra prima divina que o homem tem a
obrigação de preservar. Foram 500 quilômetros de uma viagem que começou com 32
minutos de vôo do monomotor pilotado pelo experiente Getúlio, de 70 anos, até o
Porto São Pedro, onde me deparo com a primeira cena curiosa: o bezerro
brincalhão criado como um bebê pelo dono, o fazendeiro Armando Lacerda. Como nasceu
doente, desde cedo o nelore Guachin, de 1 ano e dois meses, recebe atenção
especial. Domesticado, comporta-se tal qual o dono, como anfitrião da casa,
recebendo os visitantes com suas molhadas lambidas e o roçar da cabeça (sem
chifres) nas pessoas. Dois fotógrafos suíços que desembarcaram sexta-feira na
fazenda pareciam incrédulos ao ver Guachin saltar sobre o dono com as duas
patas – como um inofensivo poodle com uma tonelada a mais. “É assim que ele
brinca comigo”, conta Armando, mandando Guachin sair imediatamente para não
incomodar os hóspedes. E não é que ele entende?! Do Porto São Pedro partimos
para uma hora e doze minutos de lancha até o Parque Nacional do Pantanal, já em
Poconé, na divisa com Mato Grosso, uma área de 135 mil hectares que faz parte
do pacote de roteiro turístico da Copa do Mundo de Futebol de 2014, para
visitas embarcadas e monitoradas. Fica em um platô livre de enchentes à beira
do rio Cuiabá. Dali voltamos a pegar o rio Paraguai até o sítio do índio guató
Vicente da Silva, que após perder a mãe de 105 anos vive a sua quase solidão,
na companhia de seus três cães e mais de vinte gatos. Vicente se recusa a viver
na aldeia guató, a três horas de barco rio acima. Após um breve intervalo para
almoço no barco hotel Kalipso, partimos de lancha em seguida para o Porto
Jatobazinho, onde fica a escola rural da Rede Municipal administrada pelo Instituto
Acaia Pantanal, que acolhe 35 crianças ribeirinhas e deve dobrar esse número em
2013. Trata-se de um projeto sócio-educacional de alto nível, uma ilha de conhecimento,
com videoteca, projetos culturais e agrícolas para as crianças, no meio do
Pantanal. Ali quem nos recebe é a coordenadora Dilma Castro Costa, as
professoras Selma Almeida e Francisca Oliveira. No dia anterior as crianças
haviam sido surpreendidas com um belo presente: os 34 militares ambientais do Curso
Estratégias para Conservação da Natureza, pelo Instituto Homem Pantaneiro e
Polícia Militar Ambiental, com elas cantaram o hino e hastearam a bandeira nacional.
Militares ambientais de todos os estados brasileiros percorreram este e outros
pontos estratégicos, ouviram palestras de especialistas, conviveram com o bioma
e também se apaixonaram pelo Pantanal. Estas são apenas partículas dos
mistérios, das magias e dos personagens que o Pantanal abriga em sua
grandiosidade, reclamando do ser humano proteção, atenção, aliança e respeito.
Por isso nossa viagem não termina aqui – ela está apenas começando, para que
cada vez mais possam entender que o Pantanal não sobrevive sem o homem pantaneiro,
e vice-versa.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
As 200 fotos de Boaventura
Na
Exposição Foto Memória Corumbá 2005-2012 – Transição para o Século XXI, o repórter-fotográfico Marcos Boaventura reúne 200 imagens de um acervo de 68 mil fotos que
produziu ao longo dos oito anos da administração do prefeito Ruiter Cunha em
Corumbá, entre elas uma roda de quebra-torto que reune Paulo Duarte, Zeca do PT, Ruiter e Helô Urt. Boaventura integra a equipe da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Corumbá e, nesta
mostra, conta por meio de imagens momentos decisivos dos dois
mandatos que mudaram o cenário da cidade, que trocou o marasmo pela
prosperidade cultural e econômica. Além de tudo, Boaventura dá uma lição de
como uma assessoria eficiente consegue transportar até a população, por meio de
fotografias, as realizações de uma gestão. Boaventura, é bom que se diga,
trabalha com a alma de um profissional e o coração de um apaixonado por
Corumbá, e dessa união surge uma estrela que brilha deste os anos
80 na comunicação. A exposição está aberta no Centro de Convenções do Pantanal
Miguel Gómez, no Porto Geral de Corumbá.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
A Arte da vida saudável e da salvação
A palestra “A Arte Mahikari, os
Princípios Divinos e suas influências”, com Nelson Teruya Dojotyo, dirigente da
Sukyo Mahikari em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, atraiu mais de 40 pessoas à
Associação Comercial e Empresarial de Corumbá, sábado, 20 de outubro. Nela, o
palestrante explicou a origem da Arte Mahikari, seus fundamentos, os princípios
divinos, a prática e seus efeitos. Nesta palestra, Teruya Dojotyo nos mostra que, crendo ou não na força de Deus, sendo católico, evangélico,
budista ou islâmico, não importa, os Princípios Divinos são iguais para todos, assim como os
fenômenos da natureza como o pôr do sol, os dias, as noites e as estações. Os
Princípios Divinos fazem parte da intensa vibração cósmica do universo, e a
Arte Mahikari nos ensina como segui-los, interpretá-los e agregá-los ao dia a dia, para tornar a nossa
vida saudável e próspera, digna e bela. Pratico a Arte Mahikari há 28 anos e como dirigente de uma subsede em
Corumbá (rua 13 de Junho, 1380, fone 8131-6689), fui um dos organizadores desse memorável e histórico encontro que abriu cinco vagas a corumbaenses e ladarenses para o Seminário Básico
marcado para final de novembro em Campo Grande. Além de tudo, Mahikari é a arte
da salvação, por meio da imposição da mão. Se você já pensou em salvar alguém, aproveite essa oportunidade e também seja um integrante.
.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
As 97 primaveras de Alicio
No mês de aniversário de Ladário, que completou 234 anos de fundação em 2 de setembro, o ladarense Alicio Peçanha tem direito a uma comemoração pessoal. No dia 22 de setembro, exatamente quando se abrem as portas da Primavera de 2012, ele faz 97 anos. Ex-motorista e ex-minerador da antiga siderurgia de Ladário, ele hoje é um dos exemplos de vida longa e saudável, já bem perto de chegar ao seu centenário de nascimento. É um dos presidentes de honra da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Pessoas Idosas de Ladário (AAPPIL), da qual já foi presidente, e integra os grupos Conviver e De Bem com a Vida. “Trabalho não mata ninguém; eu trabalhava doze horas seguidas na usina de ferro gusa”, acentua Alicio. Lúcido, falante, caminhando de um lado para outro com o apoio de sua bengala, Alicio só não se arrisca mais nos passos de dança de salão. “Gostava de dançar e jogar futebol, mas hoje as dores do joelho direito não deixam e, como tudo é jogo, me satisfaço com o dominó e o jogo de damas”, conta. Alicio nasceu em Ladário em 1915, e do casamento com Ovilda Conceição nasceram oito filhos, dos quais sete mulheres, e 26 netos. Acompanhou o crescimento da cidade e seu salto populacional, dos 5 mil até chegar aos 20 mil de hoje. “A mineração e a Marinha continuam fazendo parte do nosso desenvolvimento”, constata. Nos grupos Conviver e De Bem com a Vida, mantidos pela Prefeitura, ele nutre suas amizades, conta e ouve velhas históricas de Ladário, o que em parte ajuda a afastar a saudade da esposa, que faleceu no ano passado, após 70 anos de casamento. “Tenho a sensação que ela está bem ao meu lado quando vou sair de casa; até parece que me diz: não quer ajuda pra abrir a porta?”, revela, olhos marejados em direção ao horizonte.
domingo, 9 de setembro de 2012
A fanfarra faz amigos
Se você, professora, tiver um aluno
problema no canto da sala, com notas baixas e comportamento arredio, convide-o
para tocar na fanfarra. É uma atitude inteligente para a solução. A fanfarra
integra, socializa, humaniza, faz com que o estudante se sinta parte do grupo,
útil e importante. Se antes as fanfarras se limitavam a seguir em ritmo das
marchas militares, hoje possuem corpo musical e coreografia, dançam no ritmo de
Michael Jackson, do Olodum, do Afro reggae. No começo dos anos 70, quando troquei
o Grupo Escolar de Ladário para iniciar o ensino médio na Escola Estadual Maria
Leite de Corumbá, me senti um estranho no ninho. Mas aquela terrível sensação
de isolamento repentinamente acabou assim que Alexandrino dos Santos, o Mala, convidou-me
para ingressar na fanfarra do Maria Leite. Ganhei uma nova família, passei a me
sentir em casa e chorei quando tive de abrir mão deste mundo encantado para
fazer jornalismo em São Paulo. Hoje sou testemunha de que fanfarra é uma porta
aberta para a inclusão social, a arte, a cultura e a vida. É um prazer ver em
ação uma fanfarra como a Pérola do Pantanal (na foto), que integra toda a comunidade
estudantil de Ladário e, como um coração de mãe, sempre acolhe mais um. Torço
para que o Festival de Fanfarras promovido neste 7 de Setembro em Ladário seja
a semente para muitos outros festivais. E para que um lugar na fanfarra não
seja reservado apenas como prêmio aos que se destacam em salas de aula, mas
principalmente aos estranhos no ninho. Afinal, a fanfarra faz amigos.Que o diga Alexandrino, que se tornou o chargista Malah. Meu amigo Malah.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
‘Minha Ladário’ na TV Morena
A repórter Rafaela Potter, o cinegrafista Tirone Roriz e o assistente Nilmar Augusto Terena produzem e assinam o especial “Minha Ladário”, que vai ao ar pela TV Morena (afiliada da Rede Globo) na semana do aniversário de 234 anos da Pérola do Pantanal. É uma série de casos e curiosidades contados por ladarenses que voltaram a viver na cidade depois de longos anos de ausência ou por aqueles que vieram de longe e a escolheram para viver. Entre os focalizados está este blogueiro que deixou a terra aos 16 anos para viver 30 anos em São Paulo e, como bom filho, recebeu a benção de voltar para casa em 2007. No Assentamento 72, Rafaela, Tirone e Terena mostram a outra face de Ladário, a agricultura familiar, a vida de quem vive no campo, acorda antes do sol raiar para produzir e colher o alimento que chega à nossa mesa, e agora também reforça a merenda escolar da Rede Municipal de Ensino. Vale a pena conferir o especial da equipe global, de fato um bom presente para todos nós, aniversariantes deste 2 de setembro de 2012.
domingo, 12 de agosto de 2012
Projeto Fred: símbolo da esperança
Entre o céu e o inferno. É assim que passa a viver um jovem dependente de droga. Por isso, uma palavra, uma mão amiga, um ombro companheiro são detalhes decisivos para sua recuperação. Especialistas em viciados em entorpecentes afirmam que jamais devemos abandoná-los. Sempre haverá uma esperança, por mais que digam que não existe cura. Muitos casos, como o de Fred, viram exemplos de vida, de persistência e até de programas sociais. O Projeto Fred surgiu em 1998 na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Minas Gerais, onde durante dez anos esteve detido Fred, o irmão de Andréa Ambrósio. Ele era dependente de drogas e foi preso acusado de participar de um assalto. Como apoio ao irmão no momento mais difícil da vida dele, Andréa desenvolveu no presídio as aulas de tapeçaria, que acabaram se transformando em terapia ocupacional e geração de renda para Fred e muitos dos companheiros de detenção. “O resultado do projeto me ensinou que, nessa vida, nunca devemos abandonar uma pessoa querida; julgá-la e expulsá-la do nosso convívio não é o caminho”, afirma Andréa (na foto, ao lado de uma peça de artesanato produzida por uma ladarense). O Projeto Fred atende em média 890 trabalhadores por ano e já beneficiou 24 mil famílias desde sua criação. Após a conclusão do curso, os trabalhos ficam em exposição para comercialização. O curso acaba de formar 20 artesãs em Ladário pelo programa Geração de Renda, da Secretaria de Assistência Social e Cidadania de Ladário, e continua sendo aplicado até hoje nas celas da Penitenciária Nelson Hungria.
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Se caráter custa caro, pago o preço
Em palestra
sobre os 22 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no Espaço Sociocultural
(Cine Ladário), o juiz da Infância e Juventude de Campo Grande, dr. Roberto
Ferreira Filho, defendeu a persistência, a verdade e a honestidade como
principais armas de combate à exploração sexual e violência contra crianças e
adolescentes. E como mensagem final citou um poema do escritor português Sidónio
Muralha, aquele mesmo que se exilou no Paraná durante o salazarismo em
Portugal. Diz o poeta: "Parar. Parar não paro. Esquecer não esqueço.Se caráter custa caro, pago o preço. Pago embora seja raro. Mas homem não tem avesso; e o peso da pedra eu comparo, à força do arremesso. Um rio, só se for claro. Correr sim, mas sem
tropeço. Mas se tropeçar não paro não paro nem mereço.
E que ninguém me dê amparo; nem me pergunte se padeço. Não sou nem serei avaro;
se caráter custa caro, pago o preço”. A palestra
do juiz Roberto (que pode ser conferida, na integra, no site ladario.ms.gov.br)
foi o ponto alto do movimento ECA+22, que ainda teve em Ladário uma passeata
pela avenida 14 de Março e um Culto de Ação de Graças no Espaço Sociocultural.
Fica claro que a população ladarense fez sua escolha e não está disposta a
parar de lutar por uma sociedade do bem, com garantia de liberdade, paz e
segurança para suas famílias. Parar não paro. Esquecer não esqueço.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
LadáRio+20: Carta do Futuro
Fosse
a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável realizada em
minha cidade, chamaríamos de LADÁRIO+20. Distantes, mas no coração do Pantanal,
a maior planície alagável do mundo, Ladário, de 20 mil habitantes, sente-se bem
mais perto da natureza do que muitos outros povos urbanos. Por isso os
moradores estão conscientes de que devem preservar e conservar esse fantástico
bioma, reserva natural para as futuras gerações. Nesta semana de início das
negociações da Rio+20, Ladário recebeu a visita da Cia Teatro Maria Mole, que
tem a direção da atriz Bianca Machado e os atores Will Oniser, Carol Gomes e
Carlos Serrat. Eles apresentaram na Escola Municipal Marquês de Tamandaré, no
bairro Nova Aliança, a peça “Carta do
Futuro”, ação cultural que tem o patrocínio da Vale Mineradora. A peça trata da
preservação do meio ambiente e traça um paralelo entre a Eco 92 e a Rio+20. Engraçada,
mas com final comovente, quando um dos atores lê parte do discurso da estudante
canadense Severn Suzuki, de 12 anos, que emocionou a humanidade e passou a ser
conhecida como Carta do Futuro, lida na Eco-92, “Estou aqui para falar em nome
das gerações que estão por vir. Estou aqui para defender as crianças que passam
fome pelo mundo e cujos apelos não são ouvidos. Estou aqui para falar em nome
das incontáveis espécies de animais que estão morrendo em todo o planeta,
porque já não têm mais aonde ir. Não podemos mais permanecer ignorados",
disse a canadense, há 20 anos. Hoje com 33 anos, Severn Suzuki continua
ativista pelo ambiente e educação. Dirige a Fundação David Suzuki, criada por
seu pai no Canadá para alertar sobre questões ambientais, como o aquecimento
global. Ela também é palestrante e em 2010 foi a personagem central do
documentário "Severn, a voz de nossas crianças", dirigido por
Jean-Paul Jaud.
domingo, 10 de junho de 2012
Pantanal Fest Gospel: a escolha da paz e da liberdade.
Perto da meia-noite deste frio sábado de outono, 9 de junho, em Ladário, ao acabar de assistir ao show da banda carioca Quatro por Um no palco da avenida 14 de Março, converso com o pastor Enoch Brito, da Missão Evangélica do Brasil, enquanto saboreio um acalentador sarravulho que saiu de um caldeirão fumegante da barraca de uma igreja evangélica, e pergunto a ele qual o segredo que faz da música gospel o novo estilo da moda. “É porque nela há sempre o testemunho de quem canta e se apresenta em público, de um milagre, de uma transformação pela palavra de Deus”, me responde o pastor. De fato, além da capacidade de contagiar o público, seja ele fiel ou agnóstico, evangélico ou não, shows como o Pantanal Fest Gospel, realizado em Ladário, tem o poder de multiplicar mensagens de paz e amor. É reconfortante, durante três noites, presenciar shows de música, dança e teatro ao ar livre sem observar um bate-boca, um empurrão sequer, perceber que predomina a liberdade, a livre expressão, a confraternização entre diferentes crenças religiosas e famílias ladarenses e corumbaenses. O iluminado Klev Soares, líder e vocalista da banda Quatro por Um (na foto), em um intervalo do seu rock eletrizante, diz: “Não estamos aqui pregando religião, estamos pregando a mensagem de Cristo”. Este é o foco do Fest Gospel. E Ladário fez a escolha certa ao realizar o evento que tem raízes evangélicas e prega a paz, o amor e o fim do consumo de drogas. Cada cidade tem a predestinação que lhe é reservada por Deus. Mato Grosso do Sul aprendeu uma lição. Há dez anos atrás, Aquidauana escolheu promover a Pantaneta, o carnaval fora de época, que com o passar do tempo tornou-se famosa não pelos shows de música, mas pelas cenas de bebedeira, sexo, orgia em vias públicas e até nas escadarias de igrejas, até que a população, indignada, pediu pelo seu fim. Serviu de lição para outras cidades. O mundo hoje anseia por eventos que traduzam a cultura, as virtudes e as raízes dos povos, e que preservam a moral, a segurança, a ética e a dignidade das pessoas.
terça-feira, 29 de maio de 2012
A vida não é uma droga
Saio do encerramento da Audiência
Pública de Enfrentamento e Combate ao Crack do Centro de Convenções do
Pantanal, dobro a primeira esquina, caminho até a orla do Porto Geral de
Corumbá e vejo este espetáculo da natureza que captei com minha Sony DSC H50, na
imagem ao lado. Pausa para reflexão antes de voltar para casa e sentar-me em
frente ao computador. Durante quatro horas, debateram-se lá dentro propostas que seriam
capazes de devolver aos dependentes de drogas a liberdade de ver e sentir um
mundo como este, simples, natural e ao mesmo tempo deslumbrante quando se tem
oportunidade de olhar para o céu num fim de tarde de outono em Corumbá. Como se
sabe, o crack, como qualquer outra droga moderna, escraviza, entorpece,
aniquila e, aos poucos, acaba matando. E pelas estatísticas seis milhões de
brasileiros estão hoje envolvidos com as drogas. E o que fazer para
devolver-lhes a liberdade de olhar um pôr do sol? Não encontrei respostas lá
dentro, mesmo porque os protagonistas dos debates ainda buscam luzes no fim do túnel, a dependência química ainda é um campo de pesquisa que está nas mãos de médicos
psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais. Existem várias correntes de
tratamento e todas foram colocadas em discussão, inclusive a mais radical, a
internação compulsória, com ação jurídica, mesmo contra a vontade do usuário de
droga. Indicado por uma linha de psiquiatras contra a internação, o filme
“Bicho de Sete Cabeças” nos mostra que, dependendo dos métodos, a internação pode
ser um buraco sem fundo para a família. Os deputados Paulo Duarte e Eduardo
Rocha, promotores do evento, percorreram o campo dos maus e bons exemplos,
lembrando que a regulamentação da publicidade e a campanha agressiva fez com
que o consumo de tabaco caísse de 36% para 16% em duas décadas no País. Rocha
chegou a propor ao cônsul da Bolívia, Juan Merida, que fizesse chegar ao
presidente Evo Morales um recado com proposta revolucionária: o Governo
brasileiro subsidiaria o plantio de soja, milho e feijão e em troca os
bolivianos deixariam de plantar a folha de coca. Obama já deve ter idéia semelhante,
mas é humanamente impossível convencer Evo Morales a erradicar uma cultura
milenar no seu país – mascar folha de coca, por lá, é como tomar cafezinho
aqui. O assistente social do Estado Ubiratan Borges foi até o fundo do baú e destacou
que o alcoolismo é uma doença registrada antes de Cristo, e para qual ainda não
se encontrou soluções, principalmente nos tempos modernos em que os fabricantes
de cervejas patrocinam a Seleção Brasileira de Futebol e o técnico Mano Menezes
e o ex-jogador Ronaldo Fenômeno aparecem em comerciais patrocinados por
cervejarias. A raiz da questão então estaria na publicidade? Pode-se deduzir
que, em parte, sim. Mas além do controle da publicidade deveria também haver um
combate mais centralizado ao tráfico de drogas e o incentivo a centros e
entidades de reabilitação. O trabalho mais arrojado nessa área é do Caps AD,
coordenado pela psicóloga Silvia Freire, a "Clínica de Rua", que manda sua equipe até as boca de
fumo oferecer ajuda, frutas, leite e medicamentos a usuários e traficantes. Isso
é efetivamente colocar o dedo na ferida. Tratar usuários de drogas apenas como zumbis que vagam pelas ruas é ignorar que dentro deles também caminha uma alma e um coração. E onde há vida, há espírito e esperança.
domingo, 20 de maio de 2012
Arte Mahikari, um novo modo de vida
No banco da Praça da Independência, em casa, no escritório, não importa. A Luz Divina pode ser aplicada em qualquer lugar, em ambiente suficientemente harmonioso, para que se tenha o mínimo de concentração. Uma vez por mês o Grupo de Expansão da Arte Mahikari sai de Campo Grande às 5h para retornar às 17h, dedicando essas 12 horas do sábado para a prática da Imposição da Mão e da transmissão dos Ensinamentos a iniciantes, leigos, religiosos, enfim, quem estiver disposto a receber a Luz e as mensagens em Corumbá e Ladário, a 420 quilômetros da Capital. E trazem um convite: os interessados em praticar a Arte Mahikari devem se inscrever no Seminário de três dias que é realizado mensalmente. Isso me faz lembrar dos dias maravilhosos em que prestei o Seminário Básico no Dojo de São Joaquim, no bairro japonês da Liberdade, no coração de São Paulo, em março de 1984. Após todos esses anos de prática, sinto que despertei para seguir os princípios divinos e acredito que seja útil na salvação do próximo. Foi me dada uma oportunidade de ouro, e eu a agarrei com convicção. Hoje posso afirmar que tudo o que tenho, tudo o que sou, tudo o que faço devo aos Ensinamentos da Arte Mahikari. Trata-se de um novo modo de vida, um novo olhar para o mundo. Por isso estou permanentemente convidando as pessoas a participar do Seminário em Campo Grande. Ensinamento recente diz: “O Salvador virá quando todos estiverem dormindo e baterá à porta. Se não estiverem despertos, não perceberão. O Salvador irá embora e o tempo passará. A maioria das pessoas hoje está dormindo profundamente e por isso não percebe a vinda de Deus”.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
O trem volta a cruzar Ladário
O apito do trem e o ronco das
locomotivas despertam no pantaneiro as doces lembranças do Trem do Pantanal.
Por isso nesta quinta-feira da Semana Santa os habitantes de Ladário, a Pérola
do Pantanal, a 420 km da capital Campo Grande, se alvoroçaram quando um comboio com quinze
vagões carregados de minério voltou a cortar os trilhos que cruzam o centro da
cidade. Fez uma viagem de ida e volta de Corumbá ao Porto de Cargas da Granel
em Ladário, de onde escoam as exportações para a Argentina. Era apenas um teste.
Recentemente a linha férrea foi restaurada pela concessionária responsável, com
troca de dormentes e trilhos. No teste, trabalharam chefes de operações e
maquinistas da ALL (América Latina Logística) do Brasil e da Ferrovia Oriental da
Bolívia. Em cada ponta do comboio havia uma locomotiva de cada país. Ponto para
a integração na fronteira e esperança para a volta do trem de cargas e
escoamento de minério pelo futuro Porto de Cargas de Ladário. E quem sabe em
breve a volta do trem de passageiros. Como todo o povo pantaneiro, o ladarense
também sonha com a volta do Trem do Pantanal. Sonho, aliás, que ficou pela
metade, quando o serviço foi reativado mas apenas no trecho Campo
Grande-Miranda, ficando devendo para o turista a paisagem de fato deslumbrante
do passeio, os 220 km até Ladário e Corumbá. Sentados, porque de pé cansa,
aguardamos na estação.
terça-feira, 27 de março de 2012
Seu Boneco, herança de Chico Anysio em Corumbá
Chico Anysio se foi e nos deixou uma
rica herança de mais de 100 personagens, entre eles Seu Boneco, um dos alunos
da Escolinha do Professor Raimundo. Era aquele sujeito pançudo, sempre de
bermuda e chinelos de dedo, touca feita de meia de seda cobrindo a cabeça, que
criou o bordão “eu vou pra galera”. Quem vivia o personagem era um dos oito
filhos de Chico, o ator Lug de Paula, que foi casado com a atriz e também
comediante Heloisa Périssé. Seu Boneco, Bozó, Pantaleão, Baiano, Coalhada,
Nazareno, qualquer que seja o personagem, haverá sempre alguém semelhante em
qualquer parte do País, porque Chico soube com genialidade retratar as características
do povo brasileiro. A herança de Chico também habita as ruas de Corumbá, na
figura de Seu Boneco, apelido que o lavador de carros Renê Vargas dos Santos
ganhou dos moradores do centro da cidade. Mas a vida do Seu Boneco corumbaense não
tem nada de comédia. É cercada de drama, dor e tristeza. Há 13 anos, ele foi um
dos 16 supostos mendigos que as autoridades mandaram colocar em um ônibus e
expulsar da cidade em um episódio que ganhou destaque internacional e mereceu
editorial da Folha de São Paulo com o título “O Tráfico da Miséria”. Os principais envolvidos foram indiciados por
“seqüestro e cárcere privado”. O caso, que abalou os alicerces e deu novos
rumos à política corumbaense, ocorreu durante a gestão do ex-prefeito Eder
Brambilla. “Quando viu todos amordaçados, amarrados, um sargento baixinho da
Polícia Rodoviária logo desconfiou que havia alguma coisa errada, mandou
prender todo mundo que levava o ônibus, até um major, e mandou a gente de volta
pra Corumbá”, contou-me Renê, durante entrevista ao Diário Corumbaense em março de
2008, que escolhi como título “O sobrevivente das ruas”. De Itapetininga,
interior de São Paulo, o ônibus dos “mendigos” retornou a Corumbá, onde hoje
Renê trabalha dignamente lavando carros. É o que faz desde que se mudou de Campo
Mourão, no interior do Paraná, onde deixou a família. Trabalhador solitário, Seu
Boneco nunca mais foi acusado de vadiagem e segue seu destino como sobrevivente
das ruas de Corumbá. Seria cômico se não fosse trágico – diria Nelson
Rodrigues.
domingo, 11 de março de 2012
Mulheres e outros encantos da Bolívia
Se você não pode ir à Bolívia, a Bolívia
vem até a você. Pelo menos essa tem sido a tendência para ladarenses e
corumbaenses, moradores da Fronteira oeste do País. Nas comemorações da Semana
da Mulher, nossos vizinhos trouxeram a Ladário nove belas dançarinas do Corpo de Balé Folclórico de Puerto Quijarro, em trajes
típicos, para representar cada um dos nove departamentos (Estados) da Bolívia: Beni,
Chuquisaca, Cochabamba, La Paz, Oruro, Pando, Potosi, Santa Cruz e Tarija. Cada
uma dessas regiões tem uma particularidade que merece ser vista pelo turista
brasileiro – conhecer a Bolívia, sim, vale a pena, é bom e barato, é curioso e
enriquecedor, pois trata-se de um País do Terceiro Mundo que não perdeu suas
raízes e possui uma natureza encantadora. E até bons vinhos se produzem por lá,
como os vinhedos de Tarija – desses eu posso falar porque saboreei uma taça durante o
aniversário da Independência da Bolívia, acompanhado por uma deliciosa saltenha.
Aliás, como já comentei aqui, quando fizeram uma enquete para escolher o
salgadinho mais saboroso da fronteira, sabe o que deu? Saltenha, isso mesmo. Um
salgado que os bolivianos importaram da cidade argentina de Salta, na fronteira
norte. A Bolívia tem também o Titicaca, o lago navegável mais alto do mundo, a
60 km de La Paz, uma capital tão alta, mas tão alta, que o avião para aterrissar
no aeroporto precisa descer alguns metros, sem contar que lá de baixo da cidade
se contempla as eternas geleiras da cordilheira dos Andes, a
mais longa do mundo. E chega de falar da Bolívia, porque bom mesmo é ver tudo
isso de bem perto.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Até a natureza cai no samba
Neste Carnaval, Tarzan trocou as selvas
pela avenida. Aos 73 anos, Waltencyr Braga animou o Espaço da Folia, na avenida
14 de Março, durante duas noites – confessa que não tem mais pique para
sassaricar as cinco noites carnavalescas – o suficiente para resgatar uma
página memorável da história. No anos 60 e 70, quem brincava fantasiado de Tarzan
era o pai dele, Geraldo – como já mostrei em nota sobre a Exposição de Fotos de
Antigos Carnavais neste blog. O personagem, revivido, preenche de graça, charme
e alegria mais um espaço na programação, e segue a linha do tempo de reviver em
Ladário o Carnaval dos anos dourados, restabelecendo os vínculos com o passado
para mostrar à nova geração de ladarenses e visitantes um autêntico flash back da vida. Também voltaram a
desfilar os bonecos Cacareco e Genoveva, remontados após 20 anos por seu
criador, Nilson Alves de Arruda. Além, é claro, da volta do Bloco das Piranhas,
um capítulo pitoresco das facetas carnavalescas do Pantanal, onde “até a
natureza cai no samba”. Tudo indica que, havendo a continuidade desse
formato de Carnaval, teremos muitas outras gratas surpresas para 2013. Até lá,
folião!
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Índia Pérola do Pantanal
Ele, Augusto de Campos, comerciante em
Ladário, o Gugu da Bodega para os amigos. Ela, Nilce Maria da Silva, enfermeira
em Campo Grande. Os destinos se cruzaram no Carnaval de Ladário. Gugu ganhou
notoriedade por ter resgatado um antigo personagem do carnaval ladarense,
Ginho, que se fantasiava de Carmem Miranda. Este ano, porém, Gugu decidiu lançar
mais uma fantasia e desfilou na passarela como a Índia Pérola do Pantanal. Já a
enfermeira campo-grandense mais uma vez desfilou por seu bloco preferido, o
Sapo da Madrugada, mas também saiu pelo Kacique da Fuzarca. Dois destaques de
um Carnaval que cresce justamente por resgatar suas tradições e valorizar suas
raízes – para quem busca diversão, sossego e natureza, o destino para 2013,
você já sabe, fica no final da BR-262, no coração do Pantanal.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Rainha tetracampeã
Este ano só vi a
Império do Morro, porque como repórter minha pauta principal era contar a história do maior Carnaval de todos os tempos em Ladário. Sobrou então uma
horinha suficiente para me aproximar da General Rondon, ao lado da minha filha
Sofia, e dali apreciar o desfile da tricampeã. Percebi que faltou muito
para a Império conquistar o tetra. Não vi a Mocidade de Nova Corumbá, e amigos especialistas me contaram que o título do Carnaval corumbaense ficou em
boas mãos. Mas não poderia deixar de mencionar uma pessoa que, como nova
Rainha da Bateria da Império, brilhou na passarela com a simpatia, o charme e a
beleza que Deus lhe deu. Quatro anos seguidos Rainha da
Bateria da Vila Carvalho, de Campo Grande, Silvinha reforçou a Império mas não abandonou sua escola de origem, não deixou os velhos parceiros na mão. Lá
ela desfilou sexta-feira e pela Vila Carvalho foi tetracampeã do Carnaval da Capital. Encontrei Silvinha terça-feira em
Ladário, sem as plumas e maquiagem, misturada aos foliões na avenida 14 de
Março. Não era mais a Rainha. Era apenas a jornalista Silvia Constantino, minha
ex-companheira de lutas no Diário Corumbaense. Simples, simpática e cativante, a morena bombom se tornou um reforço considerável para nosso Carnaval. Bem-vinda, Silvinha!
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
E as piranhas estão de volta!
Sempre charmosas e sedutoras, elas
voltaram neste Carnaval após quase quatro décadas de sumiço. E voltaram
justamente no ano em que Ladário escolheu como tema “aqui até a natureza cai no
samba”. Os rios do Pantanal estão infestados delas, as piranhas, que rendem
suculentos caldos, considerados afrodisíacos. Mas as piranhas a que me refiro
habitam o asfalto, usam vestidos e salto alto, estão sempre maquiadas, adoram uma cervejinha. E no
Carnaval formam o Bloco das Piranhas. O bloco não saía havia 35 anos mas volta por
iniciativa de carnavalescos natos como os irmãos Chico e Assis, e João de Brito,
presidente de Os Peladeiros, que decidiram reunir os amigos para reviver o
bloco que fez sucesso até os anos 70 e acabou caindo no esquecimento, como
aliás quase tudo o que estava ligado às raízes e as tradições ladarenses. Na
terça-feira de Carnaval, o Bloco das Piranhas voltou a desfilar no asfalto da
avenida 14 de Março. João de Brito chegou a propor um concurso para escolher “a
mais bela piranha do Carnaval”, mas logo os amigos o demoveram da ideia porque a
decisão seria extremamente difícil. Belas, simpáticas, amáveis, elas deram um caldo
especial ao Carnaval de Ladário, como nos velhos tempos. E trouxeram de volta um pedaço do romantismo e da alegria dos antigos carnavais. Bem-vindas, piranhas!
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Chrigor abraça Ladário
Conversei com Chrigor no camarim, antes do show, e ele me revelou que estava trazendo para Ladário um pouco de seu romantismo, que transformou o grupo Exaltasamba em sensação nacional há duas décadas. O sucesso foi tanto que os vocalistas se dispersaram para seguir carreira solo, como ele e Alexandre Pires. No palco do Espaço da Folia, no Carnaval de Ladário, ele encantou o público e estendeu seu carinho às fãs que o procuraram no camarim, como neste momento em que abraçou a ladarense Antoniele. Interagiu com a platéia, chamando para dançar no palco os primos Gisele e Wallace, que vieram de Corumbá especialmente para ver o show. Dançou com o Rei Momo, a Rainha e as princesas, e durante uma hora foi a majestade do samba, com sucessos do Exaltasamba, Jorge Aragão, Gonzaguinha e Zeca Pagodinho, entre outros. Eram duas da manhã quando o show terminou na madrugada desta segunda-feira de Carnaval, 20 de fevereiro. Um show tão afetuoso como um forte abraço.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Salgadinho e a doce Solimar: Carnaval de bom gosto
Diz o ditado que os apostos de atraem. Prova disso é a atração que o cantor Salgadinho sempre exerceu pela carioca Solimar Rocha. Ela, que mora em Ladário há dois anos, dançou e cantou durante a uma hora do show do ex-vocalista do grupo de pagode Katinguelê no Espaço da Folia, em Ladário, na madrugada de sábado, 18 de fevereiro. E não deixou escapar um abraço e uma foto ao lado do ídolo no camarim. Para Solemar, o Carnaval de Ladário, que já merecia nota 10, ficou melhor ainda com Salgadinho, que não é apelido. Aos 42 anos, Paulo Alexandre Nogueira Salgado, paulistano, colhe o que plantou e ainda tem um público fiel. Assim como ele mesmo é fiel ao Corinthians, seu time de coração, e às raízes do pagode, que manteve mesmo depois de gravar dois CDs estilo gospel. E pelo visto ele também curte Tim Maia. Selecionou um sucesso de Tim para encerrar seu show, lá pelas 2h30 da madrugada deste Sábado Gordo (gordo de alegria, como diziam antigamente) neste Carnaval que ganha nota 20 depois que Salgadinho passou por aqui, abraçou a doce Solimar e cantou "Vou pedir pra você voltar, vou pedir pra você ficar/eu te amo, eu te quero bem".
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Tarzan, o mito do Carnaval de Ladário
Em Ladário, coração do Pantanal, Tarzan virou mito no Carnaval. Lá pelos anos 50 e 60, Geraldo Braga saia de tanga pelas ruas da cidade, parava o trânsito, arrancava suspiro das mocinhas e hipnotizava os olhos da garotada. E quanto dava o grito característico do herói dos filmes e histórias de quadrinhos, o povo ía ao delírio. Nessa imagem da Exposição de Fotos do Carnaval de Todos os Tempos, no Cine Ladário, Geraldo aparece ao lado de um ainda menino Waltencir, agora um conceituado professor. Geraldo passou deixando sua marca e herdeiros no Carnaval. Seu filho Waltencyr hoje se veste como ele para animar as ruas do tradicional Carnaval ladarense. Suas netas Iraci e Iranete desfilam pelo bloco As Separadas, Juntas e Misturadas, que carrega como lema “separadas sim, sozinhas jamais”. Este é o Carnaval de Ladário, que sem dúvida já é um dos cinco de melhor qualidade do Centro-Oeste, e que este ano resgata outro bloco que fez furor nos anos 60 – o Bloco das Piranhas, onde só desfilavam homens, mas de vestido, peruca e salto alto. Vôte!
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Amor Exigente
“Eu seguro minha mão na sua, uno meu coração ao seu, para que juntos possamos fazer aquilo que sozinho eu não consigo”. Este é um trecho da Oração da Serenidade, base do grupo de apoio Amor Exigente que atua em vários estados brasileiros e em alguns países da América Latina, orientando pais e familiares a lidarem com jovens ou adultos que sofrem de dependência química. Surgido na década de 70, o grupo apresenta uma proposta de mudança comportamental. A ideia é promover a qualidade de vida não só para pais que tenham filhos dependentes, mas também para proporcionar mudanças de comportamento saudáveis para todas as partes envolvidas no problema. Só no Brasil são 526 grupos presentes em 21 Estados. O Amor Exigente também está em países como Peru, Argentina e Uruguai. Em Corumbá, funciona todas as segundas-feiras às 19h na rua Delamare, quase esquina com Frei Mariano, no prédio da Aclaud.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
O Carnaval de Helô
Remexendo arquivos de carnavais passados me saltou aos olhos esta imagem dos anos 80 em que a minha saudosa prima Heloisa Helena Urt, a Helô, aparece ladeada por um André Navarro ainda adolescente e a sempre sorridente prima Rosângela Urt. Mil palavras já foram usadas para homenagear Helô desde que ela apressadamente nos deixou e se transformou em mais uma estrela da eternidade, em 23 de novembro de 2011. Perto do terceiro mês sem ela, rendo neste modesto espaço mais uma lembrança a esta que foi a rainha da Cultura e do Carnaval, e tantas inovações lançou no calendário carnavalesco de Corumbá. Por isso nesses dias de folia o nome Helô vai estar presente em cada canto da cidade, na boca do povo, nos enredos de blocos, cordões e escolas, e principalmente nos versos da Imperatriz Corumbanse, que escolheu a ex-diretora presidente da Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal como tema do seu samba: “Estrela vermelha, cintila no céu e no chão; Helô, te trago no peito, e nas cores do meu pavilhão”.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Jorge Aragão e o dom de Deus
Algumas cidades nascem com o dom da hospitalidade, e Ladário é uma delas. Mais de 20 mil pessoas, sem exagero, passaram pela cidade na noite de 4 de fevereiro para assistir ao show do sambista carioca Jorge Aragão (no palco, nesta foto de Leonardo Cabral). Um mar de gente invadiu a avenida 14 de Março e o centro da cidade se transformou em um grande estacionamento – com a diferença de que não havia flanelinhas nem cobrança de taxa. O show a céu aberto, em noite de luar e calor moderado, abriu com todas as honras o Carnaval ladarense, e entrou para a história como o recorde de público em eventos gratuitos promovidos por uma administração – por isso no camarote o sorriso do prefeito José Antonio abria-se de orelha e orelha, e o sempre comedido executivo arriscou passos de samba quando Jorge Aragão cantou com toda a galera o imortal “Vou Festejar”, que tanto sucesso fez na voz de Beth Carvalho. Fim de show, precisamente às 2h53 da madrugada, e o turbilhão de pessoas se desfez, de volta ao lar, para um sono reparador. Nem todos, é claro. Para mim, particularmente, por dever de ofício, era apenas o começo da segunda jornada. Fui para a mesa do meu computador e ali fiquei até o dia clarear, lá pelas 6h15, escrevendo a história do megashow, baixando e editando as fotos que instantaneamente os internautas puderam ver em todos os sites da cidade. Só depois cai na cama e deixei o sono chegar mansamente, ainda com o ressoar do balanço, da poesia e de uma confidência que Jorge Aragão nos fez no camarim: quando seu coração enfraqueceu e ele precisou passar por uma cirurgia de safena, pensou que era o fim de sua história. Não foi. “Deus prolongou meu caminho e me reservou esses momentos com vocês. Só mesmo Deus para fazer com que tanta gente dê atenção a um velhinho de 62 anos cantando samba. Esta é minha segunda vida, por isso eu vivo cada segundo como se fosse o último”.
domingo, 22 de janeiro de 2012
Orgulho ladarense
Ex-aluno do Colégio São Miguel e da Escola Municipal Farol do Norte, de Ladário, e do Colégio Salesiano, de Corumbá, o capitão-de-mar-e-guerra Daniel Silvino Costa Nogueira deu um passo histórico e inédito ao assumir sexta-feira, 13 de janeiro, o comando da Flotilha de Mato Grosso – assim chamada por ter sido criada há 135 anos, na época do Mato Grosso uno, hoje formada por nove navios da Marinha, na Base Naval de Ladário. Ladarense, ele pertence a uma ilustre família que teve como expoente o avô, o saudoso Nelson Mangabeira, que deu nome a uma creche municipal. É filho de Silvino e Geni. Um orgulho ladarense e modelo a ser seguido pelas novas gerações, principalmente pelos jovens que pensam em seguir a carreira militar. Conversei com Daniel após sua posse a bordo do navio Parnaíba e ele se lembrou de Lila Urt, sua primeira professora no
Colégio São Miguel, e da Irmã Regula. Formado como paraquedista, mergulhador de combate e operação de submarinos, ele chega ao topo da trajetória militar como prova viva de que Ladário é uma terra de oportunidades e a Marinha uma grande escola da vida. No ar, na terra e até debaixo dágua.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Mensagem de Ano Novo
O líder espiritual e mundial da Arte Mahikari, grupo do qual tenho o privilégio de tomar parte há 28 anos, envia do Japão a Mensagem de Ano Novo: “Vamos levantar a tocha da sinceridade”. E explica que sinceridade não é apenas ser franco e falar tudo o que sente, mas expressa o sentido mais profundo de ser honesto e ter uma vida devotada a Deus. A Arte Mahikari chega a Corumbá, Ladário e região do Pantanal trazendo seu conteúdo espiritualista e a imposição da mão como forma de transmitir a Luz e Ensinamentos que são úteis hoje em dia para solucionar impasses e conflitos da vida moderna. Ao mesmo tempo, esclarece pontos e dúvidas até agora obscuros para o ser humano. Neste Ano do Dragão pelo zodíaco chinês e Ano do Fim do Mundo pelo calendário Maia, o que se sabe é que a humanidade caminha a passos largos para a Espiritualidade – e a Mahikari ajuda a tornar essa travessia muito mais clara, sincera, segura e feliz.
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