terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Semeando história e cultura

Falta pouco para a meia-noite desta quente terça de lua cheia e acabo de ver o espetáculo de final de ano do Projeto Semear, no palco da avenida 14 de Março, em Ladário, ao lado do amigo João Oliveira de Sousa, professor de música do Instituto Moinho Cultural. “O Semear já está com cara e jeito do Moinho in Concert, e isso é muito bom”, avalia Sousa. De fato, o espelho do Semear, projeto criado há quatro anos pela Secretaria de Educação da Prefeitura de Ladário, é o Moinho Cultural, criado em 2004 para a inclusão social por meio da música, da dança e educação. Qualquer semelhança não é mera coincidência, porque tudo o que é bom merece mesmo ser copiado e seguido. Tanto que três alunos do Moinho são monitores de música do Semear e uma ex-aluna hoje é a professora do corpo de dança. E mais uma professora deixa o Moinho este ano para reforçar o Semear em 2014. O espetáculo teve falhas de áudio e iluminação, é verdade, mas nada que não possa ser corrigido na próxima edição, basta aceitar as críticas construtivas. Foi ótimo ver o popular Mauro Chaves, o artista plástico Hernani Arruda e o violeiro Sebastião Brandão contando histórias no telão. Histórias que inspiraram algumas das coreografias, como a dos Marinheiros, das Benzedeiras, a dança do Siriri e o frevo carnavalesco. Brandão, o mestre da viola de cocho, tocou acompanhado pela Orquestra Semear. O poeta Acelino Chumbo Grosso abriu a noite com seus versos e, depois, na plateia, ainda divulgou seu livro recém-lançado Das Entranhas do Pantanal. E a apresentação se encerrou com a coreografia carnavalesca, depois de Mauro Chaves lembrar que Ladário é o berço do Carnaval do Mato Grosso uno. Enfim, um espetáculo de imenso conteúdo, um autêntico resgate histórico ladarense que engrossa cada vez mais o caldo cultural de uma cidade predestinada a crescer em torno de suas crenças, seus costumes e seu povo criativo e hospitaleiro. Uma boa semente para as futuras gerações, carentes de educação.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O significado de Mandela

A despedida de Nelson Mandela provoca mais uma pausa no mundo, minutos de silêncio e reflexão diante do legado deixado por um herói, um mito, um imortal. Trago para refletirmos juntos um artigo do teólogo e escritor Leonardo Boff sobre o significado de Mandela. Diz Boff: “Com sua morte, Mandela mergulhou no inconsciente coletivo da humanidade para nunca mais sair de lá porque se transformou num arquétipo universal, do injustiçado que não guardou rancor, que soube perdoar, reconciliar pólos antagônicos e nos transmitir uma inarredável esperança de que o ser humano ainda pode ter jeito. E questiona: “Por que a vida e a saga de Mandela fundam uma esperança no futuro da humanidade e de nossa civilização? Porque chegamos ao núcleo central de uma conjunção de crises que pode ameaçar o nosso futuro como espécie humana. Estamos em plena sexta grande extinção em massa. Cosmólogos (Brian Swimm) e biólogos (Edward Wilson) nos advertem que, a correrem as coisas como estão, chegaremos por volta do ano 2030 à culminância desse processo devastador. Isso quer dizer que a crença persistente no mundo inteiro, também no Brasil, de que o crescimento econômico material nos deveria trazer desenvolvimento social, cultural e espiritual é uma ilusão. Estamos vivendo tempos de barbárie e sem esperança”. Leia mais no canal Artigos deste blog.

domingo, 1 de dezembro de 2013

O Segredo da Brincadeira

O ator convidado Ulisses Nogueira deu um toque circense ao espetáculo Moinho in Concert, na noite de sábado, na Praça Generoso Ponce, em Corumbá. Com 15 anos de vivência em palcos e no Circo Escola Picadeiro de Campo Grande, ele conduziu as treze coreografias com intervenções bem humoradas entre os dançarinos no papel de “O Segredo”.  Entrou em cena conduzindo uma bicicleta gigante, jogou amarelinha, pula corda, levantou uma enorme pipa e ajudou a compor com criatividade o tema O Segredo da Brincadeira. Perto dele havia uma iniciante, que pela primeira vez pisava num palco, a menina Aline Brasil, de 11 anos, de uma família ladarense. Das 360 crianças e adolescentes integrantes do Instituto Moinho Cultural, quase 80 são de Ladário, outras 36 das cidades bolivianas da fronteira e o restante de Corumbá, muitas delas moradoras de áreas de vulnerabilidade social. “Mais do que entrevistar as crianças, me emocionou conviver esses dias com um projeto social que está mudando a vida das pessoas”, observou a repórter da TV Morena, Taynara Andrade, que ao lado da produtora Jaqueline Bortolotto gravou cenas dos bastidores para o especial Moinho in Concert 2013 que será exibido dia 21 de dezembro em rede regional. "O Moinho prepara essas crianças para a vida", atestou Jaqueline. Com a alegria e ingenuidade de Ulisses e Aline no palco, ilustrando um tema que tem tudo a ver com a essência do Moinho e os conflitos do mundo moderno, o espetáculo comoveu ao resgatar a pureza da criança em contraponto com a banalização da violência. E lançou sutilmente mais um pedido de paz: "Durante o brincar descobrimos que o Poder não deve poder mais". (leia mais no canal Reportagens deste blog)



segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O olhar do Pantanal

Haroldo Palo Jr. comemorou seus 60 anos, dia 17 de novembro, cercado pelo cenário que mais aprecia, entre garças, bugios e tuiuiús, no meio do Pantanal. Ele era um dos passageiros do barco Kalypso, na décima primeira expedição do Curso de Estratégias para a Conservação da Natureza, organizado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e realizado pela Polícia Militar de Mato Grosso do Sol, para capacitar oficiais da Polícia Militar Ambiental de todo o País. Viajou como palestrante, para compartilhar suas experiências de 35 anos como fotógrafo naturalista, e montar um vídeo subaquático no corixo de águas cristalinas do Porto São Pedro, à beira do rio Paraguai, além de ampliar seu acervo de 350 mil fotos com novas imagens do Pantanal. Para quem quiser conferir de perto, imagens como a do bugio e outras espécies do Pantanal estão na Exposição Palo Jr. a partir do dia 23 de novembro na Casa Vasquez, sede do IHP, no Porto Geral de Corumbá. E a história completa desse fotógrafo, paulista de Lins, que vê na degradação do Pantanal e da Amazônia uma ameaça ao futuro da humanidade, você confere no canal Reportagens deste blog.




domingo, 3 de novembro de 2013

Todo dia é Dia dos Ancestrais

Chuva fina começa a cair enquanto compro flores e frutas na feira para o Dia de Finados. Sempre chove nos Finados, como se a chuva refletisse o sentimento dos que já se foram e dos que aqui ficam: alegria, tristeza, esperança, mas a palavra mais adequada seria purificação. Andando pelas ruas ouço quase sempre o mesmo comentário: eu vou, mas não gosto de ir ao cemitério. Talvez as pessoas se sintam pouco à vontade de visitar um lugar onde, cedo ou tarde, serão depositados seus próprios restos mortais. Outros acreditam que ficarão expostas a ondas negativas. Eu também não gosto de ir ao cemitério, mas vou. Mestres espiritualistas esclarecem que espíritos de nossos ancestrais, os finados, também não gostam de cemitério. Esclarecem que neste Dia de Finados apenas um ancestral de cada família, apenas um, é enviado ao cemitério para receber as flores e orações ofertadas pelos parentes. Possuímos uma forte ligação com nossos ancestrais no dia a dia, e alguns deles recebem a missão de nos proteger – são nossos guias espirituais. Então, todo dia é dia dos antepassados, a quem devemos respeito e gratidão. Eles são os fios condutores da nossa linhagem e nossa missão aqui na terra. Por isso merecem nossa atenção e carinho no Dia de Finados e em todos os outros dias do ano. Em casa, por minha forte ligação oriental e espiritual, venero meus antepassados em um oratório. Meus ancestrais vieram de Jerusalém, na Palestina, Oriente Médio. É no oratório, impecavelmente limpo, onde elevo diariamente minhas orações de gratidão e ofereço a essência das frutas, da água, dos sucos naturais, dos doces e salgados.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Corumbá inspira "O Último Chamamé"

Depois de Trem do Pantanal, em parceria com Geraldo Roca, e Comitiva Esperança, com Almir Sater, composições criadas em suas andanças por Corumbá, Paulo Simões bebe de novo no pote de inspiração da Cidade Branca para compor "O Último Chamamé". Na música, um dos hits do CD “Canções, Simplesmente Canções”, que lançou dia 19 de setembro em um show no anfiteatro Salomão Baruki, em Corumbá, ele compara o pôr do sol a uma Bomba H, prenuncia o fim do mundo e chama uma morena para dançar aquele que seria o último chamamé: “Fazia uma tarde linda; num porto de Corumbá; Pantanal inundado, até parecia mar. Entrei num bar na barranca, pra beber um guaraná; mas o calor tava forte, pedi pro garçom trocar; dez canecas de chope depois, mais pra lá do que pra cá; sentado no pé da serra, eu vi o sol afundar, então o céu então endoidou, ficou igual Bomba H; pensei com meus botões, fim de mundo vai começar. Me chamem aquela morena, vou perguntar se ela quer, dançar comigo esta noite, o último chamamé". Nesta terça, 24 de setembro, Paulo Simões lança o CD na casa de shows Bourbon Street, em São Paulo. São dez músicas nota 10 que revelam um compositor mais universal e influenciado por suas raízes no rock, como no excelente “Chuva Medonha”, em parceria com Celito Espíndola, ou na Jovem Guarda, como em “Menina do Tempo”,  parceria com Almir Sater. Conhecido até aqui como um compositor regional, o maduro Paulo Simões, com este impecável CD, entra na plataforma para receber a consagração nacional. (leia mais no canal Reportagens deste blog).

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O 1º Seminário da Mahikari no Pantanal

O 1º Seminário Básico da Arte Mahikari no Pantanal é um marco histórico e espiritual, marcado para os dias 18,19 e 20 de outubro de 2013, na sede da OAB de Corumbá. Convido você a participar deste evento inédito, abertura de um portal para a chegada de um movimento espiritualista com atividades em todo o planeta, e que visa fortalecer a família e a sociedade por meio de três pilares: saúde, harmonia e prosperidade. Trata-se da milenar arte da imposição da mão, com benefícios comprovados em mais de duzentos países e mais de 1 milhão de seguidores em todo o mundo. Em março de 1984, prestei o Seminário da Mahikari no Dojo de São Joaquim, no bairro da Liberdade, em São Paulo, e hoje, 29 anos depois, agradeço diariamente a Deus por ter me dado a missão de retransmitir a Luz e ajudar o próximo nesses tempos bicudos de intensa turbulência, banalização da vida e reforma da humanidade. A Arte Mahikari veio para provar que o mundo espiritual existe e que Deus é Luz. Vem comigo!

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Dona Sinhá, 100 anos de amor a Ladário

Da janela da casa de dona Sinhá, na rua Comandante Souza Lobo, se avista a torre do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, sua santa protetora. Ela também é devota de Nossa Senhora Aparecida. Dona Sinhá costuma sentar-se nos finais de tarde na porta de casa para apreciar o movimento dos estudantes que saem do Colégio São Miguel, de fiéis que vão para a igreja ou de vizinhos de passos apressados. Pressa que ela não tem mais.
Na cidade que completou no dia 2 de setembro 235 anos de fundação, Herondina Siqueira Bispo, a dona Sinhá, simboliza nesses tempos modernos o que há de melhor em expectativa de vida. Dia 21 de julho, ela completou 100 anos de idade, discretamente, entre familiares e amigos. E para quem lhe pergunta o segredo da vida tão longa e saudável, a mulher nascida no Pantanal do Amolar encontra sempre a mesma resposta: "Harmonia, amizade e amor; não falo mal de ninguém, e ninguém fala mal de mim", afirma, ao lado da filha Valdiléa, da neta Clariane e da bisneta Lavínia, sementes de gerações que frutificam na boa terra ladarense. Confira a reportagem completa acessando link http://www.diarionline.com.br/?s=noticia&id=61788



quinta-feira, 25 de julho de 2013

Salve o Dia do Escritor!

Criado nos anos 60 do século passado por Jorge Amado e João Peregrino Júnior, que dirigiram a União Brasileira dos Escritores, o Dia do Escritor, 25 de julho, é uma homenagem digna àqueles que carregam o dom e a missão de despertar o imaginário e levar à reflexão milhares de pessoas, por meio de seus poemas, contos, crônicas e romances. O Pantanal possui uma constelação deles, da estrela maior Manoel de Barros a ilustres poetas como Benedito C.G.Lima e Acelino Chumbo Grosso, contistas de expressão como Luiz Taques, cronista e roteirista do porte de Augusto César Proença, além é claro dos saudosos Clio Proença, o cronista do mitológico “Janela Aberta para a Cidade”, Pedro de Medeiros e Lobivar de Matos. Nesta data nobre, pego carona no rastro dessa nave de escritores pantaneiros para indicar “Estação das Mariposas”, livro de minha autoria que já está à venda no sistema e-book (online) do site www.amazon.com.br. Para comprar e ler, basta baixar o aplicativo gratuito do Kindle em qualquer plataforma, em PC, notebook, smartfone ou ipad. Trata-se de uma publicação independente, ficção espiritualista de auto-ajuda, comercializada em parceria com a Amazon, que possui a Loja Kindle e uma das maiores seleções de e-books do mundo. Boa leitura!



quarta-feira, 26 de junho de 2013

Somos todos bolivianos

Reproduzo o manifesto de desagravo às trabalhadoras bolivianas agredidas em Corumbá, escrito pelo respeitável companheiro Ahmad Schabib Hany, membro fundador da OCCA Pantanal e do Forum Permanente de Organizações Não-Governamentais de Corumbá e Ladário. A imagem que escolhi para ilustrar esta nota talvez ajude a refletir sobre o papel dos bolivianos na fronteira, pois retrata um momento de fraterna integração com turistas paulistas na Praça da Independência, em Corumbá. Onde estão a cordialidade e o humanismo nas relações das autoridades com os ex-integrantes da Feira Brasbol? Integração era só discurso? Schabib Hany escreve no manifesto que intitulou de Somos Todos Bolivianos: “Este dia 22 de junho de 2013 entra tristemente para a história da cidadania do coração do Pantanal e da América do Sul pela truculência dos gendarmes que agiram, não como servidores públicos, mas verdugos da irmandade de dois povos que vêm construindo uma nova página na história latino-americana. Por meio deste manifesto público, fazemos nosso incondicional e irrestrito ato de desagravo às trabalhadoras da Feira Brasbol agredidas acintosa e covardemente, em plena luz do dia e diante de diversas câmeras, sábado, 22 de junho, por gendarmes despreparados, eivados do ranço xenófobo que vem sendo alimentado irresponsavelmente por algumas autoridades de Corumbá, de modo obtuso e na contramão da história. Fruto dessa empáfia bizarra, tais agentes do Estado parecem desconhecer que o outrora polo cosmopolita que abrigou quase todos os povos no coração do Pantanal e da América do Sul só pôde permanecer por mais cinco décadas como importante centro comercial intracontinental graças ao mercado andino, predominantemente boliviano, que permitiu um movimento pela fronteira de Corumbá de mais de um milhão e meio de dólares por dia, segundo dados da Cacex (Carteira de Comércio Exterior) do Banco do Brasil”. (Leia o texto completo no canal Artigos deste mesmo blog).


sábado, 22 de junho de 2013

100 anos da família Urt

O navio vapor Venuz aportou no rio Paraguai no dia 23 de junho de 1913 trazendo os pioneiros da família Urt. São 100 anos de um desembarque que definiu a trajetória de mais de uma centena de pessoas que hoje carregam e honram este sobrenome, construíram uma história, formaram suas famílias. Uma missa no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, padroeira de Ladário, comemora o primeiro século da chegada dos quatro pioneiros que vieram da Palestina: os irmãos Jamil, Isaac, Abdo e Isaías, três homens e uma mulher que trouxeram como missão expandir os laços de uma família que teve como nascente as terras sagradas de Jerusalém. Eram filhos de Nakle Urt e Almaza Baranke Urt. Em Ladário Jamil se uniu a Maria Assad, enquanto Isaac se casou com a irmã dela, Margarida Assad. A imagem desta página mostra o ramo de duas gerações dos Urt formado pela união entre Jamil e Maria. Hoje espalhados pelo Brasil e também pelo Exterior, os Urt criaram uma identidade forte e respeitada, honrada e digna. Por isso este é o momento que todos nós, espiritualmente unidos, agradecemos por todas as benções que nos são concedidas do céu e da terra, pelas mãos de Deus. Parabéns aos que se foram e deixaram saudade, aos que ficam e ainda escrevem a sua história, e aos muitos que ainda virão para preencher de luz e verdade o futuro da nossa linhagem. Porque ser Urt é ser verdadeiro.


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Sebastião Salgado: assim é a vida de repórter


Em Genesis, seu novo livro, o repórter-fotográfico Sebastião Salgado, mineiro de Aimorés, retrata paisagens e comunidades ainda não impactadas pelo que chamamos de progresso – como mostra a imagem produzida por ele na África nesta página. Para preparar o trabalho, percorreu mais de 30 países durante oito anos. É o que se pode chamar de profissão repórter, aquele incansável perseguidor do inusitado, do inesperado, do inacreditável. Salgado lançou seu livro durante uma exposição neste começo de abril em Londres – e lá estavam dois de seus maiores incentivadores, o também mineiro Ângelo Rabelo e a pantaneira Márcia Rolon, fundadores do Instituto Homem Pantaneiro e do Moinho Cultural Sul-Americano. A obra traz de mulheres das aldeias do Parque Nacional de Mago, na Etiópia, até xamãs da tribo camaiurá da bacia do Alto Xingu em Mato Grosso. Belíssimas fotos em preto e branco retratadas pela sensibilidade de um profissional que gastou no projeto 1 milhão de euros por ano, financiados em parte por revistas e jornais – sim, jornais – que publicaram suas reportagens ao longo dos oito anos. Outra parte foi coberta por patrocinadores, entre eles a sempre presente Vale, além de duas fundações norte-americanas. Tema de capa da revista Bravo! de abril, Salgado revela que sua mulher, Lélia Wanick, tem papel crucial no seu trabalho: é responsável pelo design dos livros e pela curadoria das exposições, sem contar que foi ela quem comprou a primeira câmera fotográfica do casal, quando ainda era estudante de arquitetura. E confessa que só abandonou os filmes de rolo e as câmeras convencionais após o atentado de 11 de setembro de 2001, quando o controle nos aeroportos passou a ser insuportável e ele era obrigado a passar suas caixinhas de filmes pelo raio-x, perdendo qualidade. Hoje usa câmeras digitais Canon. A história da vida de Salgado caberia em mais um livro, porque ele sabe honrar a profissão de repórter. Profissão, aliás, que acaba de ser apontada como a pior dos Estados Unidos em recente pesquisa encomendada pelo CareerCast.com, site norte-americano especializado em empregos. Salgado prova o contrário e mostra que tem o melhor emprego do mundo, pois para ele, aos 69 anos, ser repórter é algo muito especial. Veja a obra completa dele no link: http://www.elfikurten.com.br/2011/03/o-olhar-sensivel-de-sebastiao-salgado.html



segunda-feira, 11 de março de 2013

Encontro com as Letras


Para comemorar o Dia da Poesia, celebrado nesta quinta, 14 de março, a ONG Paz e Natureza Pantanal promove o Encontro com as Letras no auditório do Muhpan (Museu da História do Pantanal). Ótima oportunidade para nossos jovens conhecerem escritores e poetas locais e interagirem com nomes como Marluci Brasil, Benedito CG Lima, além do historiador João de Carvalho e do professor Rooney dos Santos Souza. O evento acontece em forma de seminário entre os dias 11 e 14 de março. Na abertura, nesta segunda, o poeta e professor Benedito C.G.Lima (foto) resgatou a história da poesia e suas ligações com a música (os memoráveis festivais de Corumbá) e o teatro, nos anos 60, em plena ditadura, quando boa parte da produção literária era silenciada pela censura. Graças a guerreiros como C.G.Lima, fundador da Apec (Associação dos Poetas e Escritores de Corumbá) e de mestres como Clio Proença (autor da crônica diária “Janela Aberta para a Cidade”), um dos homenageados, a literatura sobreviveu e hoje, no Encontro com as Letras, pode debater as suas raízes com a nova geração e os novos cronistas e poetas. Clio Proença foi representado na abertura por sua irmã caçula, Constança Proença da Silva, que ainda guarda em casa alguns originais do escritor.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Rafael Cozer, a imagem que fica


Talvez eu tenha sido um dos últimos jornalistas a ver Rafael Cozer nesta vida. Estacionava o carro no Zero Hora, em Miranda, na noite de sexta, 1º de março, quando o vi lá dentro, passando pelo caixa. Eu estava em direção a Campo Grande e ele a São Gabriel do Oeste. Quando entrei ele já havia ido embora. Sinto não ter tido tempo sequer de trocar algumas palavras com ele. Os sites informaram sobre sua morte, aos 27 anos, sábado, em um acidente na BR-163, quando seguia para a casa dos pais em um Corsa Classic. Era uma pessoa simpática e bem humorada, um repórter dedicado e decidido. Conservamos, sim, uma semana atrás, dia 25 de fevereiro, quando ele fazia uma reportagem sobre o começo das aulas no Instituto Moinho Cultural. Ele gostava de conversar com as crianças do Moinho. Como assessor de imprensa, acompanhei-o em dezembro de 2012 durante uma reportagem em Puerto Quijaro, na Bolívia, onde Rafael mostrou detalhes da vida do aluno Fabrício Alaro, ao lado dos pais, evangélicos que vieram de Santa Cruz de la Sierra e encontraram no Instituto Moinho Cultural o espaço ideal para desenvolver as habilidades do menino de 11 anos com o violino. Matéria humana, com sensibilidade, que pode ser conferida no site G1/TV Morena. Em seguida Rafael integrou a equipe de cobertura da TV Morena no Moinho in Concert. Como lembrança aos amigos, admiradores e familiares, reservei para este espaço uma foto de Rafael em ação, sorridente, enquanto entrevistava o cantor Geraldo Espíndola, homenageado no Moinho in Concert do dia 8 de dezembro em Corumbá. Imagem que captei no palco, ao final do espetáculo, e é este suave momento de alegria que gostaria de elevar aos céus, para que se junte às estrelas e sirva como marca da brilhante trajetória do jornalista da TV Morena na nossa terra. 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Parque dos Poetas

Em um parque na cidade de de Cali, na Colômbia, ainda é possível encomendar cartas de amor. É o que retrata o curta-metragem “Contrato de Amor”, da gaúcha Thais Fernandes, exibido na quinta edição do Festival do Júri Popular no auditório  do Instituto Moinho Cultural. O conhecido Parque dos Poetas (foto) é o reduto de redatores que ainda trabalham à moda antiga, tecendo seus textos com velhas máquinas de datilografar Olivetti, que para o resto da humanidade teriam ficado obsoletas e hoje são peças de museus. Mas aqueles teclados estridentes e seus inspirados escritores são capazes de produzir frases encantadoras para os que buscam conquistar (ou reconquistar) a mulher (ou o homem) amada. Em Corumbá, o poeta Benedito C.G.Lima lançou o Varal da Poesia, poemas que qualquer um pode dependurar em praça pública, ideia que tem tudo a ver com o Parque dos Poetas da Colômbia. Poesias que podem se descortinar em qualquer canto da cidade, como as que são escritas por Eliney Gaertner, que me revelou seus originais durante um almoço no restaurante Panela Velha, no centro de Corumbá. Selecionei uma de suas poesias, “Justo e Perfeito”, que aqui compartilho com os navegantes: “Estamos no lugar onde devemos. Em quaisquer situações aprendendo; em circunstâncias diversas da vida; nem mais, nem menos do que merecemos. Em tudo há uma ordem perfeita; tudo está justo, nada em desatino. Seguimos por caminhos diferentes, mas a vida nos leva a um só destino”. Sublime poesia. Eliney é pai da jornalista Livia Gaertner, talento fulgurante da equipe do Diário Corumbaense.


domingo, 20 de janeiro de 2013

2013: rejuvenescer como águias


O artigo “2013: coragem para se renovar”, escrito por Leonardo Boff, teólogo, filósofo, escritor e membro da Comissão da Carta da Terra, é um balsamo para começar o ano novo com esperança e, como ele pede, coragem para enfrentar os desafios que vêm pela frente. Nele, para citar um símbolo de renovação, Boff descreve um mito da antiga cultura mediterrânea sobre o rejuvenescimento das águias. Ele diz: “De tempos em tempos, reza o mito, a águia, como a fênix egípcia, se renova totalmente. Ela voa cada vez mais alto até chegar perto do sol. Então as penas se incendeiam e ela toda começa a arder. Quando chega a este ponto, ela se precipita do céu e se lança qual flecha nas águas frias do lago. E o fogo se apaga. Mas através desta experiência de fogo e de água, a velha águia rejuvenesce totalmente: volta a ter penas novas, garras afiadas, olhos penetrantes e o vigor da juventude. Seguramente este mito constitui o substrato cultural do salmo 103 quando diz:”O Senhor faz com que minha juventude se renove como uma águia”. O texto completo de Boff está disponível no canal Artigos deste blog. Boa leitura e Feliz 2013!