Falta pouco para a meia-noite desta
quente terça de lua cheia e acabo de ver o espetáculo de final de ano do
Projeto Semear, no palco da avenida 14 de Março, em Ladário, ao lado do amigo
João Oliveira de Sousa, professor de música do Instituto Moinho Cultural. “O
Semear já está com cara e jeito do Moinho in Concert, e isso é muito bom”,
avalia Sousa. De fato, o espelho do Semear, projeto criado há quatro anos pela
Secretaria de Educação da Prefeitura de Ladário, é o Moinho Cultural, criado em 2004 para a inclusão social por meio da música, da dança e educação. Qualquer
semelhança não é mera coincidência, porque tudo o que é bom merece mesmo ser
copiado e seguido. Tanto que três alunos do Moinho são monitores de música do
Semear e uma ex-aluna hoje é a professora do corpo de dança. E mais uma
professora deixa o Moinho este ano para reforçar o Semear em 2014. O espetáculo
teve falhas de áudio e iluminação, é verdade, mas nada que não possa ser
corrigido na próxima edição, basta aceitar as críticas construtivas. Foi ótimo
ver o popular Mauro Chaves, o artista plástico Hernani Arruda e o violeiro Sebastião Brandão contando histórias no
telão. Histórias que inspiraram algumas das coreografias, como a dos Marinheiros, das
Benzedeiras, a dança do Siriri e o frevo carnavalesco. Brandão, o mestre da viola de cocho, tocou acompanhado
pela Orquestra Semear. O poeta Acelino Chumbo Grosso abriu a noite com seus versos e, depois, na plateia, ainda divulgou seu livro recém-lançado Das Entranhas do Pantanal. E a apresentação se encerrou com a
coreografia carnavalesca, depois de Mauro Chaves lembrar que Ladário é o
berço do Carnaval do Mato Grosso uno. Enfim, um espetáculo de imenso conteúdo, um autêntico resgate histórico ladarense que engrossa cada vez mais o caldo cultural de uma cidade predestinada a crescer em torno de suas crenças, seus costumes e seu povo criativo e hospitaleiro. Uma boa semente para as futuras gerações, carentes de educação.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
O significado de Mandela
A despedida de Nelson Mandela provoca mais
uma pausa no mundo, minutos de silêncio e reflexão diante do legado deixado por
um herói, um mito, um imortal. Trago para refletirmos juntos um artigo do
teólogo e escritor Leonardo Boff sobre o significado de Mandela. Diz Boff: “Com
sua morte, Mandela mergulhou no inconsciente coletivo da humanidade para nunca
mais sair de lá porque se transformou num arquétipo universal, do injustiçado
que não guardou rancor, que soube perdoar, reconciliar pólos antagônicos e nos
transmitir uma inarredável esperança de que o ser humano ainda pode ter jeito. E questiona: “Por que a vida e a saga de Mandela
fundam uma esperança no futuro da humanidade e de nossa civilização? Porque
chegamos ao núcleo central de uma conjunção de crises que pode ameaçar o nosso
futuro como espécie humana. Estamos em plena sexta grande extinção em massa.
Cosmólogos (Brian Swimm) e biólogos (Edward Wilson) nos advertem que, a
correrem as coisas como estão, chegaremos por volta do ano 2030 à culminância
desse processo devastador. Isso quer dizer que a crença persistente no mundo
inteiro, também no Brasil, de que o crescimento econômico material nos deveria
trazer desenvolvimento social, cultural e espiritual é uma ilusão. Estamos
vivendo tempos de barbárie e sem esperança”. Leia mais no canal Artigos deste blog.
domingo, 1 de dezembro de 2013
O Segredo da Brincadeira
O ator
convidado Ulisses Nogueira deu um toque circense ao espetáculo Moinho in
Concert, na noite de sábado, na Praça Generoso Ponce, em Corumbá. Com 15 anos
de vivência em palcos e no Circo Escola Picadeiro de Campo Grande, ele conduziu
as treze coreografias com intervenções bem humoradas entre os dançarinos no
papel de “O Segredo”. Entrou em cena conduzindo uma bicicleta gigante,
jogou amarelinha, pula corda, levantou uma enorme pipa e ajudou a compor com
criatividade o tema O Segredo da Brincadeira. Perto dele havia uma iniciante,
que pela primeira vez pisava num palco, a menina Aline Brasil, de 11 anos, de
uma família ladarense. Das 360 crianças e adolescentes integrantes do Instituto
Moinho Cultural, quase 80 são de Ladário, outras 36 das cidades bolivianas da
fronteira e o restante de Corumbá, muitas delas moradoras de áreas de
vulnerabilidade social. “Mais do que entrevistar as crianças, me emocionou conviver esses
dias com um projeto social que está mudando a vida das pessoas”, observou a
repórter da TV Morena, Taynara Andrade, que ao lado da produtora Jaqueline Bortolotto gravou cenas dos bastidores para o especial Moinho in Concert 2013 que
será exibido dia 21 de dezembro em rede regional. "O Moinho prepara essas crianças para a vida", atestou Jaqueline. Com a alegria e ingenuidade
de Ulisses e Aline no palco, ilustrando um tema que tem tudo a ver com a essência
do Moinho e os conflitos do mundo moderno, o espetáculo comoveu ao resgatar a pureza da criança em contraponto
com a banalização da violência. E lançou sutilmente mais um pedido de paz: "Durante o brincar descobrimos que o Poder não deve poder mais". (leia mais no canal Reportagens deste blog)
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
O olhar do Pantanal
Haroldo Palo Jr. comemorou seus 60 anos,
dia 17 de novembro, cercado pelo cenário que mais aprecia, entre garças, bugios
e tuiuiús, no meio do Pantanal. Ele era um dos passageiros do barco Kalypso, na
décima primeira expedição do Curso de Estratégias para a Conservação da
Natureza, organizado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e realizado pela
Polícia Militar de Mato Grosso do Sol, para capacitar oficiais da Polícia
Militar Ambiental de todo o País. Viajou como palestrante, para compartilhar
suas experiências de 35 anos como fotógrafo naturalista, e montar um vídeo
subaquático no corixo de águas cristalinas do Porto São Pedro, à beira do rio
Paraguai, além de ampliar seu acervo de 350 mil fotos com novas imagens do
Pantanal. Para quem quiser conferir de perto, imagens como a do bugio e outras
espécies do Pantanal estão na Exposição Palo Jr. a partir do dia 23 de novembro
na Casa Vasquez, sede do IHP, no Porto Geral de Corumbá. E a história completa desse
fotógrafo, paulista de Lins, que vê na degradação do Pantanal e da Amazônia uma ameaça ao futuro da humanidade, você confere no canal Reportagens deste
blog.
domingo, 3 de novembro de 2013
Todo dia é Dia dos Ancestrais
Chuva fina começa a cair enquanto compro
flores e frutas na feira para o Dia de Finados. Sempre chove nos Finados, como
se a chuva refletisse o sentimento dos que já se foram e dos que aqui ficam:
alegria, tristeza, esperança, mas a palavra mais adequada seria purificação. Andando pelas ruas ouço quase sempre o mesmo
comentário: eu vou, mas não gosto de ir ao cemitério. Talvez as pessoas se
sintam pouco à vontade de visitar um lugar onde, cedo ou tarde, serão
depositados seus próprios restos mortais. Outros acreditam que ficarão expostas
a ondas negativas. Eu também não gosto de ir ao cemitério, mas vou. Mestres
espiritualistas esclarecem que espíritos de nossos ancestrais, os finados,
também não gostam de cemitério. Esclarecem
que neste Dia de Finados apenas um ancestral de cada família, apenas um, é
enviado ao cemitério para receber as flores e orações ofertadas pelos parentes.
Possuímos uma forte ligação com nossos ancestrais no dia a dia, e alguns deles
recebem a missão de nos proteger – são nossos guias espirituais. Então, todo
dia é dia dos antepassados, a quem devemos respeito e gratidão. Eles são os fios condutores da nossa
linhagem e nossa missão aqui na terra. Por isso merecem nossa atenção e carinho no Dia de Finados e em todos
os outros dias do ano. Em casa, por minha forte ligação oriental e espiritual,
venero meus antepassados em um oratório. Meus ancestrais vieram de Jerusalém,
na Palestina, Oriente Médio. É no oratório, impecavelmente limpo, onde elevo
diariamente minhas orações de gratidão e ofereço a essência das frutas, da
água, dos sucos naturais, dos doces e salgados.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Corumbá inspira "O Último Chamamé"
Depois de Trem do Pantanal, em parceria com Geraldo Roca, e Comitiva Esperança, com Almir Sater, composições criadas em suas andanças por Corumbá, Paulo Simões bebe de novo no pote de inspiração da Cidade Branca para compor "O Último Chamamé". Na música, um dos hits do CD “Canções, Simplesmente Canções”, que
lançou dia 19 de setembro em um show no anfiteatro Salomão Baruki, em Corumbá, ele
compara o pôr do sol a uma Bomba H, prenuncia o fim do mundo e chama uma morena
para dançar aquele que seria o último chamamé: “Fazia uma tarde linda; num porto de Corumbá; Pantanal inundado,
até parecia mar. Entrei num bar na barranca, pra beber um guaraná; mas o calor
tava forte, pedi pro garçom trocar; dez canecas de chope depois, mais pra lá
do que pra cá; sentado no pé da serra, eu vi o sol afundar, então o céu então endoidou, ficou igual Bomba H; pensei
com meus botões, fim de mundo vai começar. Me chamem aquela morena, vou perguntar se ela quer, dançar comigo esta noite, o último chamamé". Nesta terça, 24 de
setembro, Paulo Simões lança o CD na casa de shows Bourbon Street, em São
Paulo. São dez músicas nota 10 que revelam um compositor mais universal e influenciado
por suas raízes no rock, como no excelente “Chuva Medonha”, em parceria com
Celito Espíndola, ou na Jovem Guarda, como em “Menina do Tempo”, parceria com Almir Sater. Conhecido até aqui como um compositor regional, o maduro Paulo Simões, com este impecável CD, entra na plataforma para receber a consagração nacional. (leia mais no canal
Reportagens deste blog).
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
O 1º Seminário da Mahikari no Pantanal
O 1º Seminário Básico da Arte Mahikari
no Pantanal é um marco histórico e espiritual, marcado para os dias
18,19 e 20 de outubro de 2013, na sede da OAB de Corumbá. Convido você a participar deste evento inédito, abertura de um portal para a chegada de um movimento
espiritualista com atividades em todo o planeta, e que visa fortalecer a
família e a sociedade por meio de três pilares: saúde, harmonia e prosperidade. Trata-se da milenar arte da imposição da mão, com
benefícios comprovados em mais de duzentos países e mais de 1 milhão de
seguidores em todo o mundo. Em março de 1984, prestei o Seminário da Mahikari no Dojo de São
Joaquim, no bairro da Liberdade, em São Paulo, e hoje, 29 anos depois, agradeço
diariamente a Deus por ter me dado a missão de retransmitir a Luz e ajudar o
próximo nesses tempos bicudos de intensa turbulência, banalização da vida e reforma da humanidade. A
Arte Mahikari veio para provar que o mundo espiritual existe e que Deus é Luz.
Vem comigo!
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Dona Sinhá, 100 anos de amor a Ladário
Da
janela da casa de dona Sinhá, na rua Comandante Souza Lobo, se avista a torre
do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, sua santa protetora. Ela também é
devota de Nossa Senhora Aparecida. Dona Sinhá costuma sentar-se nos finais de
tarde na porta de casa para apreciar o movimento dos estudantes que saem do
Colégio São Miguel, de fiéis que vão para a igreja ou de vizinhos de passos
apressados. Pressa que ela não tem mais.
Na
cidade que completou no dia 2 de setembro 235 anos de fundação, Herondina
Siqueira Bispo, a dona Sinhá, simboliza nesses tempos modernos o que há de
melhor em expectativa de vida. Dia 21 de julho, ela completou 100 anos de
idade, discretamente, entre familiares e amigos. E para quem lhe pergunta o
segredo da vida tão longa e saudável, a mulher nascida no Pantanal do Amolar
encontra sempre a mesma resposta: "Harmonia, amizade e amor; não falo mal
de ninguém, e ninguém fala mal de mim", afirma, ao lado da filha Valdiléa,
da neta Clariane e da bisneta Lavínia, sementes de gerações que frutificam na
boa terra ladarense. Confira a reportagem completa acessando
link http://www.diarionline.com.br/?s=noticia&id=61788
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Salve o Dia do Escritor!
Criado nos anos 60 do século passado por
Jorge Amado e João Peregrino Júnior, que dirigiram a União Brasileira dos
Escritores, o Dia do Escritor, 25 de julho, é uma homenagem digna àqueles que
carregam o dom e a missão de despertar o imaginário e levar à reflexão milhares
de pessoas, por meio de seus poemas, contos, crônicas e romances. O Pantanal
possui uma constelação deles, da estrela maior Manoel de Barros a ilustres poetas
como Benedito C.G.Lima e Acelino Chumbo Grosso, contistas de expressão como Luiz
Taques, cronista e roteirista do porte de Augusto César Proença, além é claro
dos saudosos Clio Proença, o cronista do mitológico “Janela Aberta para a
Cidade”, Pedro de Medeiros e Lobivar de Matos. Nesta data nobre, pego carona no
rastro dessa nave de escritores pantaneiros para indicar “Estação
das Mariposas”, livro de minha autoria que já está à venda no sistema e-book (online)
do site www.amazon.com.br. Para comprar
e ler, basta baixar o aplicativo gratuito do Kindle em qualquer plataforma, em
PC, notebook, smartfone ou ipad. Trata-se de uma publicação independente, ficção
espiritualista de auto-ajuda, comercializada em parceria com a Amazon, que possui a Loja
Kindle e uma das maiores seleções de e-books do mundo. Boa leitura!
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Somos todos bolivianos
Reproduzo o manifesto de desagravo às trabalhadoras bolivianas agredidas em
Corumbá, escrito pelo respeitável companheiro Ahmad Schabib Hany, membro
fundador da OCCA Pantanal e do Forum Permanente de Organizações
Não-Governamentais de Corumbá e Ladário. A imagem que escolhi para ilustrar
esta nota talvez ajude a refletir sobre o papel dos bolivianos na fronteira, pois retrata um momento de fraterna integração com turistas paulistas na Praça da Independência,
em Corumbá. Onde estão a cordialidade e o humanismo nas relações das autoridades com os ex-integrantes da Feira Brasbol? Integração era só discurso? Schabib Hany escreve no manifesto que intitulou de Somos Todos Bolivianos: “Este
dia 22 de junho de 2013 entra tristemente para a história da cidadania do
coração do Pantanal e da América do Sul pela truculência dos gendarmes que
agiram, não como servidores públicos, mas verdugos da irmandade de dois povos
que vêm construindo uma nova página na história latino-americana. Por meio deste
manifesto público, fazemos nosso incondicional e irrestrito ato de desagravo às
trabalhadoras da Feira Brasbol agredidas acintosa e covardemente, em plena luz
do dia e diante de diversas câmeras, sábado, 22 de junho, por gendarmes
despreparados, eivados do ranço xenófobo que vem sendo alimentado
irresponsavelmente por algumas autoridades de Corumbá, de modo obtuso e na
contramão da história. Fruto dessa empáfia bizarra, tais agentes do Estado
parecem desconhecer que o outrora polo cosmopolita que abrigou quase todos os
povos no coração do Pantanal e da América do Sul só pôde permanecer por mais
cinco décadas como importante centro comercial intracontinental graças ao
mercado andino, predominantemente boliviano, que permitiu um movimento pela
fronteira de Corumbá de mais de um milhão e meio de dólares por dia, segundo
dados da Cacex (Carteira de Comércio Exterior) do Banco do Brasil”. (Leia o texto
completo no canal Artigos deste mesmo blog).
sábado, 22 de junho de 2013
100 anos da família Urt
O navio vapor Venuz aportou no rio
Paraguai no dia 23 de junho de 1913 trazendo os pioneiros da família Urt. São
100 anos de um desembarque que definiu a trajetória de mais de uma centena de
pessoas que hoje carregam e honram este sobrenome, construíram uma história,
formaram suas famílias. Uma missa no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios,
padroeira de Ladário, comemora o primeiro século da chegada dos quatro
pioneiros que vieram da Palestina: os irmãos Jamil, Isaac, Abdo e Isaías, três
homens e uma mulher que trouxeram como missão expandir os laços de uma família
que teve como nascente as terras sagradas de Jerusalém. Eram filhos de Nakle
Urt e Almaza Baranke Urt. Em Ladário Jamil se uniu a Maria Assad, enquanto
Isaac se casou com a irmã dela, Margarida Assad. A imagem desta página mostra o
ramo de duas gerações dos Urt formado pela união entre Jamil e Maria. Hoje espalhados pelo
Brasil e também pelo Exterior, os Urt criaram uma identidade forte e
respeitada, honrada e digna. Por isso este é o momento que todos nós, espiritualmente
unidos, agradecemos por todas as benções que nos são concedidas do céu e da
terra, pelas mãos de Deus. Parabéns aos que se foram e deixaram saudade, aos
que ficam e ainda escrevem a sua história, e aos muitos que ainda virão para
preencher de luz e verdade o futuro da nossa linhagem. Porque ser Urt é ser
verdadeiro.
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Sebastião Salgado: assim é a vida de repórter
Em
Genesis, seu novo livro, o repórter-fotográfico Sebastião Salgado, mineiro de
Aimorés, retrata paisagens e comunidades ainda não impactadas pelo que chamamos
de progresso – como mostra a imagem produzida por ele na África nesta página.
Para preparar o trabalho, percorreu mais de 30 países durante oito anos. É o
que se pode chamar de profissão repórter, aquele incansável perseguidor do
inusitado, do inesperado, do inacreditável. Salgado lançou seu livro durante
uma exposição neste começo de abril em Londres – e lá estavam dois de seus
maiores incentivadores, o também mineiro Ângelo Rabelo e a pantaneira Márcia
Rolon, fundadores do Instituto Homem Pantaneiro e do Moinho Cultural
Sul-Americano. A obra traz de mulheres das aldeias do Parque Nacional de Mago,
na Etiópia, até xamãs da tribo camaiurá da bacia do Alto Xingu em Mato Grosso.
Belíssimas fotos em preto e branco retratadas pela sensibilidade de um
profissional que gastou no projeto 1 milhão de euros por ano, financiados em
parte por revistas e jornais – sim, jornais – que publicaram suas reportagens
ao longo dos oito anos. Outra parte foi coberta por patrocinadores, entre eles
a sempre presente Vale, além de duas fundações norte-americanas. Tema de capa
da revista Bravo! de abril, Salgado revela que sua mulher, Lélia Wanick, tem
papel crucial no seu trabalho: é responsável pelo design dos livros e pela
curadoria das exposições, sem contar que foi ela quem comprou a primeira câmera
fotográfica do casal, quando ainda era estudante de arquitetura. E confessa que
só abandonou os filmes de rolo e as câmeras convencionais após o atentado de 11
de setembro de 2001, quando o controle nos aeroportos passou a ser insuportável e ele era
obrigado a passar suas caixinhas de filmes pelo raio-x, perdendo qualidade.
Hoje usa câmeras digitais Canon. A história da vida de Salgado caberia em mais
um livro, porque ele sabe honrar a profissão de repórter. Profissão, aliás, que
acaba de ser apontada como a pior dos Estados Unidos em recente pesquisa
encomendada pelo CareerCast.com, site norte-americano especializado em
empregos. Salgado prova o contrário e mostra que tem o melhor emprego do
mundo, pois para ele, aos 69 anos, ser repórter é algo muito especial. Veja a obra completa dele no link: http://www.elfikurten.com.br/2011/03/o-olhar-sensivel-de-sebastiao-salgado.html
segunda-feira, 11 de março de 2013
Encontro com as Letras
Para comemorar o
Dia da Poesia, celebrado nesta quinta, 14 de março, a ONG Paz e Natureza
Pantanal promove o Encontro com as Letras no auditório do Muhpan (Museu da História do Pantanal). Ótima oportunidade para nossos jovens conhecerem escritores e poetas locais e interagirem com nomes como Marluci Brasil, Benedito CG Lima, além do
historiador João de Carvalho e do professor Rooney dos Santos Souza. O evento acontece em forma de seminário entre os dias 11 e 14 de março. Na abertura, nesta
segunda, o poeta e professor Benedito C.G.Lima (foto) resgatou a história da poesia e
suas ligações com a música (os memoráveis festivais de Corumbá) e o teatro, nos
anos 60, em plena ditadura, quando boa parte da produção literária era silenciada
pela censura. Graças a guerreiros como C.G.Lima, fundador da Apec (Associação
dos Poetas e Escritores de Corumbá) e de mestres como Clio Proença (autor da crônica diária “Janela Aberta para a Cidade”), um dos homenageados,
a literatura sobreviveu e hoje, no Encontro com as Letras, pode debater as suas
raízes com a nova geração e os novos cronistas e poetas. Clio Proença foi representado na abertura por sua irmã caçula,
Constança Proença da Silva, que ainda guarda em casa alguns originais do
escritor.
segunda-feira, 4 de março de 2013
Rafael Cozer, a imagem que fica
Talvez
eu tenha sido um dos últimos jornalistas a ver Rafael Cozer nesta vida.
Estacionava o carro no Zero Hora, em Miranda, na noite de sexta, 1º de março, quando o vi lá dentro, passando
pelo caixa. Eu estava em direção a Campo Grande e ele a São Gabriel do Oeste. Quando
entrei ele já havia ido embora. Sinto não ter tido tempo sequer de trocar algumas
palavras com ele. Os sites informaram sobre sua morte, aos 27 anos, sábado, em um acidente na
BR-163, quando seguia para a casa dos pais em um Corsa Classic. Era uma pessoa simpática e bem humorada, um repórter dedicado e decidido. Conservamos, sim, uma
semana atrás, dia 25 de fevereiro, quando ele fazia uma reportagem sobre o começo
das aulas no Instituto Moinho Cultural. Ele gostava de conversar com as
crianças do Moinho. Como assessor de imprensa, acompanhei-o em dezembro de 2012 durante uma
reportagem em Puerto Quijaro, na Bolívia, onde Rafael mostrou detalhes da vida
do aluno Fabrício Alaro, ao lado dos pais, evangélicos que vieram de Santa Cruz de la
Sierra e encontraram no Instituto Moinho Cultural o espaço ideal para
desenvolver as habilidades do menino de 11 anos com o violino. Matéria humana, com sensibilidade,
que pode ser conferida no site G1/TV Morena. Em seguida Rafael integrou a
equipe de cobertura da TV Morena no Moinho in Concert. Como lembrança aos
amigos, admiradores e familiares, reservei para este espaço uma foto de Rafael em
ação, sorridente, enquanto entrevistava o cantor Geraldo Espíndola, homenageado
no Moinho in Concert do dia 8 de dezembro em Corumbá. Imagem que captei no
palco, ao final do espetáculo, e é este suave momento de alegria que gostaria
de elevar aos céus, para que se junte às estrelas e sirva como marca da
brilhante trajetória do jornalista da TV Morena na nossa terra.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Parque dos Poetas
Em
um parque na cidade de de Cali, na Colômbia, ainda é possível encomendar
cartas de amor. É o que retrata o curta-metragem “Contrato de Amor”, da gaúcha Thais Fernandes, exibido na quinta edição do Festival do Júri Popular no auditório do Instituto Moinho Cultural. O conhecido Parque dos Poetas (foto) é o reduto de redatores que ainda trabalham à moda antiga,
tecendo seus textos com velhas máquinas de datilografar Olivetti, que para o resto da
humanidade teriam ficado obsoletas e hoje são peças de museus. Mas aqueles
teclados estridentes e seus inspirados escritores são capazes de produzir
frases encantadoras para os que buscam conquistar (ou reconquistar) a mulher (ou o homem)
amada. Em Corumbá, o poeta Benedito C.G.Lima lançou o Varal da Poesia, poemas
que qualquer um pode dependurar em praça pública, ideia que tem tudo a ver com o Parque dos Poetas da Colômbia. Poesias que podem se descortinar em qualquer
canto da cidade, como as que são escritas por Eliney Gaertner, que me revelou
seus originais durante um almoço no restaurante Panela Velha, no centro de
Corumbá. Selecionei uma de suas poesias, “Justo e Perfeito”, que aqui compartilho com os
navegantes: “Estamos no lugar onde devemos. Em quaisquer situações aprendendo;
em circunstâncias diversas da vida; nem mais, nem menos do que merecemos. Em
tudo há uma ordem perfeita; tudo está justo, nada em desatino. Seguimos por
caminhos diferentes, mas a vida nos leva a um só destino”. Sublime poesia. Eliney é pai da jornalista Livia Gaertner, talento fulgurante da equipe do Diário Corumbaense.
domingo, 20 de janeiro de 2013
2013: rejuvenescer como águias
O artigo “2013: coragem para se renovar”, escrito
por Leonardo Boff, teólogo, filósofo, escritor e membro da Comissão da Carta da
Terra, é um balsamo para começar o ano novo com esperança e, como ele pede,
coragem para enfrentar os desafios que vêm pela frente. Nele, para citar um
símbolo de renovação, Boff descreve um mito da antiga cultura mediterrânea sobre
o rejuvenescimento das águias. Ele diz: “De tempos em tempos, reza o mito, a
águia, como a fênix egípcia, se renova totalmente. Ela voa cada vez mais alto
até chegar perto do sol. Então as penas se incendeiam e ela toda começa a
arder. Quando chega a este ponto, ela se precipita do céu e se lança qual
flecha nas águas frias do lago. E o fogo se apaga. Mas através desta
experiência de fogo e de água, a velha águia rejuvenesce totalmente: volta a
ter penas novas, garras afiadas, olhos penetrantes e o vigor da juventude.
Seguramente este mito constitui o substrato cultural do salmo 103 quando diz:”O
Senhor faz com que minha juventude se renove como uma águia”. O texto completo
de Boff está disponível no canal Artigos deste blog. Boa leitura e Feliz 2013!
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