Ana Paula Honório e suas alunas da dança do ventre (Agência Navepress) |
O desfile do Clube dos Sem termina
quase às 3h da madrugada deste domingo, quando as arquibancadas já estão quase
vazias, mas a praça Generoso Ponce está super lotada de gente esperando começar
o show popular no palco. Havia pouco público também para ver o Flor de Abacate
abrir o desfile dos blocos oficiais. É preciso consultar a população para saber
o que ela quer e direcionar o Carnaval, talvez condensar o desfile de blocos ou
dividi-los em duas noites. Fiquei impressionado com o desfile do Vitória Régia,
puxado por um time de onze maravilhosas dançarias, coordenadas pela professora
Ana Paula Horório. Um show de leveza e sensualidade. Mais um resgate da
feminilidade contida na dança do ventre, tema muito bem escolhido pelo Vitória
Regia e que pode dar-lhe o título deste Carnaval, com o devido respeito aos
demais blocos. A dança oriental é sensual mas não é vulgar, e depende muito de
quem a conduz, me diz a professora Ana Paula, após o desfile. Dança vista como erotizante e
provocativa, proibida em alguns países, na verdade guarda o segredo do sagrado
feminino. De fato, é uma dança que carrega por trás toda uma história. Nasceu
lá pelos idos de 5000 a 7000 anos antes de Cristo. Propagou-se entre os povos
do Egito, Grécia, Mesopotâmia, Babilônia. Expandiu-se pelo mundo árabe. Era
usada para preparar as mulheres por meio de rituais religiosos para se tornarem
mães. Além de trazer benefícios físicos progressivos, proporciona a expressão
dos sentimentos. Com todos esses ingredientes, o compositor Sandro Nemir bolou
o samba-enredo que, entre outras coisas, cantava: “Em mil e uma noites,
requebrando sem parar, é a charmosa dança do ventre, na passarela a brilhar”. E
lá se vão as onze bailarinas requebrando com a sinuosidade de onze serpentes para a apoteose na avenida.
Quem disse que o Carnaval não consegue unir o sensual ao sagrado, sem se
vulgarizar?
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