sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Cibalena, a cara do Carnaval de Corumbá

A pirata Dany e suas doces amigas no Cibalena (Agência Navepress)
Quase 1h da madrugada deste sábado e acabo de sair da avenida General Rondon, onde vi o bloco Cibalena passar. Um mar de gente. Quanto mais passava, mais chegava, parecia um mar sem fim – sem exagero. Até os jornalistas mais veteranos como Silvio Andrade, ao meu lado, se surpreenderam com a multidão, que não caberia nas arquibancadas do Estádio Arthur Marinho. Perto de 30 mil pessoas, arrisco a dizer, recorrendo à minha experiência em coberturas de outros carnavais e campeonatos de futebol. Mas não falo apenas em quantidade. Falo em qualidade. Pelo menos durante aquela uma hora que permaneci ali no palanque da equipe do Conselho Tutelar vendo a onda de gente passar, não vi sequer uma briga, sequer um bate-boca. Também não vi briga na concentração. Um Carnaval ordeiro – como diziam os velhos, antigamente – apesar de muitos encherem a cara. Definitivamente, o Cibalena é a cara do Carnaval 2015 de Corumbá. Um carnaval que cresce voluntariamente como este bloco de sujos que nasceu em um buteco de esquina ali na rua Ladário, entre meia dúzia de amigos, e hoje conta com uma legião de seguidores e admiradores. É o jeito despojado de fazer Carnaval, sem as amarras oficiais, nada engessado. Homens travestidos de enfermeiras, de paquitas, de bailarinas do can-can, de batom, peruca e salto alto. Mulheres de policiais do Bope, de piratas, de qualquer coisa que provoque fetiche. Cibalena também é família. Heraldo Cunha levou mulher, filhos, filhas e amigos, umas dez pessoas, todas vestidas de "Idade da Pedra", e ganhou o tradicional Desfile de Fantasias do Cibalena, que tem como pista a carroceria de uma caminhão. Sempre cabe mais um no bloco do Cibalena. Tanto que neste ano o potencial do bloco acabou sendo substimado e a organização ficou pela metade. Um carro de som do trio elétrico foi pouco. A outra metade da multidão que veio atrás ficou sem som e sem música para dançar. O bloco cresceu mais do que imaginavam. Esqueceram que, em tempos de crise e com muitas cidades sem Carnaval, todos vieram curtir a melhor e maior festa do Centro-Oeste. E o Cibalena refletiu, em dose múltipla, toda a animação, o fogo, a paixão de foliões que se entregam de corpo e alma à alegria do Carnaval. Não vi brigas, mas vi beijos roubados. Mas, podem crer, o rapaz pediu licença à moça antes de tacar-lhe um longo beijo na boca no meio da multidão no final do desfile do intrépido Cibalena na avenida. Beijo correspondido. Porque tudo é Carnaval!


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